Tempestade, por Sam Rodrigues

Envolta em seu véu, por de trás de uma máscara, ela vai à caça. Está protegida de qualquer ameaça, vacinada dos sentimentos, na noite é professora de amor. Sempre a espreita, sempre a espera de uma nova presa. No chão quase não toca, ela flutua por entre as ruas e se mescla a escuridão. Garras – e boca – vermelhas, olhos cor da noite que refletem um brilho morto a cada farol de carro que a flagra. 

Feiteceira poderosa, encantadora, bruxa. Queimem-na! Louca, psicótica, delirante. Imagina paixões e inventa amores. Acorda toda noite, no mesmo horário, tendo sonhos eróticos repetidos.

Ele, pobre homem, não pode resistir. Debaixo da chuva foi de encontro a tempestade. Recolheu-a encharcada, abraçou-a. Entregou-se ao desejo e provou seu sabor agridoce.


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